O modo como você pensa, faz toda a diferença


pensamento preso

Apesar de nos ensinarem a procurarmos nosso lugar e competirmos uns contra os outros. É um fato, nosso enfraquecimento deve-se mais a nosso individualismo do que a nossa incompetência. Freire já havia, acertadamente, afirmado que nossa possível condição de sociedade organizada em busca de satisfação, conhecimento, sucesso profissional e financeiro não interessa aos atuais moderadores sociais. Segundo Chevalier: “O povo deve ser educado para evitar desordens sociais, formando-se pelos valores burgueses da laboriosidade, da poupança, do sacrifício”. Entrementes, podemos compreender a Educação e suas Culturas como instrumentos, eficazes no “tripalium” de definir as ações, decisões e conscientização de sua identidade. Afirmou Freire a existência da “utopia das classes dominantes aceitarem em transferir o poder para outros a não serem eles mesmos em suas descendências”.

Evidentemente, nossa visão frágil e quase fast-food da construção de pensamentos em vários temas do conhecimento, derivam da concepção fluida e deletéria (em homenagem a Renan Cesar, que gosta desta expressão) de não capacitar, proporcionar e legitimar o aprendizado da construção própria do pensamento. É repetidamente dito e contradito, sobre as vantagens de produzir uma sociedade de homens e mulheres participantes das diversas possibilidades culturais: arquitetura, agricultura e tantas outras sejam possíveis dispor para a construção de uma sociedade estabelecida e centrada. Qual instrumento utilizar de forma a limitar a constituição de uma sociedade de homens e mulheres aptos a distinguirem entre o real e o ideal; o aparente e o concreto; o legal e o ilegal? A estratégia eficaz: fundamentá-los no conteúdo.

A Conferência de Paris em 1962, conclui: “A educação foi ressignificada como “educação dos recursos humanos enquanto fator de desenvolvimento econômico e social equilibrado”. É pertinente afirmar, urge a compreensão renovada da substância da educação e seus destinos e, às quais, virtudes, nós a exploramos. Conformar, formar, lapidar, alistar, modelar. Ou nos contentamos em fazer desta apenas um mero instrumento básico a serviço do capitalismo em consonância com a Conferência de Paris? Ou estamos a utilizá-la inconscientemente sem o devido cuidado e crítica a estrutura, à qual, somos engrenagens? Sendo assim, alertados desta estratégia, cabe-nos a construção de grupos, nichos e células, nas quais, possamos construir interferência.

A compreensão de interferência nos remete a visão política da educação. A educação estando a serviço do Estado, evidentemente, reverberará o discurso e a práxis daquele a quem lhe remunera, e também, obviamente lhe empresta poderes. O Secretário, o Diretor e o Coordenador são subsidiados pelo erário público gerido pela estrutura legítima municipal, estadual ou federal e os mesmos não estarão dispostos a contratar produtores de conhecimento (professores) voltado a outro, senão a emissão dos paradigmas estatal. Pensar nos acarreta dor? Contra arrazoar nos amedronta? Opor-se ao mal nos inquieta? Certamente, não nos acarretaria, mas Maslow nos alertou, estamos todos na base da sua pirâmide e não é de bom alvitre “recalcitrar contra os aguilhões”.

Tremem todos os comandantes perante a insubordinação, não? Seus temores são infundados. A massa gestada na educação escolar ainda está debaixo do controle rígido, castrador e tecnicista, evidenciado nas relações interpessoais, onde o diálogo e a condição de mesmo plano necessitam a todo instante ser realçada, numa disposição tácita de que a sua eficácia nos âmbitos acadêmicos são frágeis, tênues e nulas. Quanto ao legado de Skinner: Não neguemos a existência da construção do poder refletido. As relações hierarquizadas na família; “papai é quem manda”. Isto significa que papai representa o patrão; depois, quando erramos, mamãe diz: “quando papai chegar, ele vai decidir seu castigo…” Papai é reflexo da Polícia. Esta relação entre pai e filho, pai e família é transferida para a relação aluno e professor. Onde o professor reflete a imagem do pai, da polícia e do patrão. Muitas vezes, ouvimos familiarmente ou informalmente, “estude para ser alguém na vida”, “estude para ser gente”. Uma nítida ameaça, sem estudar é vala ou caixão.

Nesta construção político-socio-educacional, os poderes com a ajuda da compreensão de Maquiavel, no famoso O Príncipe, entenderam: é melhor diminuir a força, desagregar para governar; afinal, é mais fácil conduzir, guiar, manipular a homens e mulheres fracos. A estabelecer confrontos de ideias com homens preparados, instruídos e dispostos a deixarem o melhor para suas sociedades. Certamente, o empoderamento da constituição de pensar é subjetivamente o Direito Humano inalienável mais vilipendiado no século XXI. A priori, as drogas, é a principal reclamada neste processo contraditório de abandono de incapaz, malversação do erário público, improbidade administrativa, corrupção ativa e passiva. Seu efeito cruel, devastador é associado à disposição governista em não priorizar esportes nas escolas, o não fortalecimento das organizações de bairros, a ausência de políticas públicas verdadeiras de revitalização da escola com ações motivadoras, envolvendo pais, professores, empresários e profissionais liberais.

Continuaremos estribados na doutrina do individualismo, não podemos decidir, é sua a decisão.

Caetano Barata – Pedagogo formado pela UNIME – Lauro de Freitas, Poeta, ativista cultural em Simões Filho, Conselheiro do CEPA e estudante de Direito na UNIFASS/APOIO Villas.

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